terça-feira, 25 de novembro de 2008

a tua inexistência

Navalhas espetadas nas costas, camas desfeitas.
Deixa-me!
Já disse!
Quero enrolar-me em brocados azuis, rir sozinho,
prefiro e respiro ares de pura infantilidade
não te quero ver.
Quero amar apenas o teu retrato imaginado,
como camas de putas
amar a tua inexistência como amo aquela que me pariu.
Prefiro cobrir com seda,
beijar-te,
ficar submisso,
não consigo sair deste vício,
o teu corpo nu coberto de luares imaginários
entre brumas invisíveis.

Quero e desejo o teu corpo coberto por sedas e linhos negros
Sem luz sem ar para respirar.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Aquelas Janelas

Por janelas te vi por grades de metal grosso
tive-te em sonhos terrivelmente privados
nunca te toquei apenas de olhos fechados
fui teu num nada terreno e carnal
pertenci-te em sonhos e desejos
apenas em sonhos foste meu
nunca na crua realidade nem à incendiária luz do diz
nunca fui teu em pleno nem a metade
os dias serenos e o nosso eco na ponte
foi sonho de olhos fechados
de dias serrados por grades de metal grosso

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

(cinco)

Quando o meu corpo vai corre e treme
Sinto que nada nem ninguem me para
Quando a noite aperta e eu sozinho no meio da multidão
Sem nada nem ninguem fechado numa bolha de ar
Sinto que nada nem ninguem me para

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

(quatro)

Multipliquei-me nas luzes da realidade nas sombras da solidão
O meu corpo tornou-se enorme face ao espaço
Caminhei por vales silênciosos sem ouvir eco nem ruido
Senti em grande velocidade a minha voz a falhar e o meu rosto a envelhecer
Multipliquei-me por rios e por vales

Agora ouço vozes desafinadas na minha cabeça que parecem não sair
Caminhei a grande velocidade

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

(três)

The morning sun is the drug that breings me here

vejo o que fazes com as tintas
vejo como tratas a tela, como se a tua própria se tratasse
suja-la e pinta-la
violentas a tua epiderme com químicos e dormas que é feito da tua verdadeira pele?
que é feito da tua palidez e da tua inocência?
algo se perdeu desde a tua mente até a tela
deixas-te pingar pelo chão alguma simplicidade e nacionalismo
agora ficas feliz com o trabalho acabado
mostras a tudo e todos
sorris
mas que é feito da rapariga pálida
que é feito da tua verdadeira pele
algo se perdeu no caminho das nossas vidas
deixamos que o mar levasse a nossa flor
a nossa juventude
algo se perdeu entre nós
deixaste-te cobrir de tintas e edens imaginários
deixaste-te levar pelas luzes coloridas e pela bola de espelhosa tua pele
a tua verdadeira pele
ainda a tens?

domingo, 5 de outubro de 2008

Night Ride Home

joni, mitchell,joni, mitchell

Night Ride Home é o título do single do album homónimo de Joni Mitchell datado do ano de 1991. Pena não conseguir por o vídeo que é de uma beleza extrema através de métodos muito tradicionais e simples. Joni Mitchell surgiu na minha vida de uma maneira muito natural, ouço desde pequeno, tinha o meu pai a cantarolar as letras pela casa fora. Durante muito tempo achei que seria impossível vir a gostar disto mas como me disseram uma vez "cada coisa tem a sua idade" e Joni Mitchell é uma delas. Em Night Ride Home ela fala do tema mais batido de sempre...o amor, mas não de uma maneira normal. Para Joni Mitchell o amor é um entrega constante assim como uma luta. Night Ride Home é isso, amor concentrado em pouco mais de três minutos. Continuando na ideia de que "cada coisa tem a sua idade". Joni Mitchell apenas consegue agarrar um público maduro em termos sentimentais (não estou a dizer que o seja). Usa uma linguagem simples mas de uma riqueza fantástica. Novamente, em Night Ride Home declara o seu amor ao homem que se senta ao seu lado e a necessidade de fugir da cidade para continuar a construir a sua história de amor.
dream, story


Li e recomendo. "A História de um Sonho" de Arthur Schnitzler é mais conhecido pelo filme de Kubrick...sim o fabuloso "Eyes Wide Shut" pelo qual tenho especial amor principalmente aos belos planos azulados com o corpo da Nicole Kidman. "A História de um Sonho" é um romance psicológico ao qual não interessa a fisionomia das personagens nem onde elas se encontram, mas sim quem elas são realmente. Em certa medida revela a influência de Freud na escrita de Schnitzler pois as personagens revelam os seus traumas como se estivessem sentados no famoso divã de Sigmund.Um bom livro para ler com calma (embora seja pequeno).