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Navalhas espetadas nas costas, camas desfeitas.
Deixa-me!
Já disse!
Quero enrolar-me em brocados azuis, rir sozinho,
prefiro e respiro ares de pura infantilidade
não te quero ver.
Quero amar apenas o teu retrato imaginado,
como camas de putas
amar a tua inexistência como amo aquela que me pariu.
Prefiro cobrir com seda,
beijar-te,
ficar submisso,
não consigo sair deste vício,
o teu corpo nu coberto de luares imaginários
entre brumas invisíveis.
Quero e desejo o teu corpo coberto por sedas e linhos negros
Sem luz sem ar para respirar.
Por janelas te vi por grades de metal grossotive-te em sonhos terrivelmente privadosnunca te toquei apenas de olhos fechadosfui teu num nada terreno e carnalpertenci-te em sonhos e desejosapenas em sonhos foste meununca na crua realidade nem à incendiária luz do diznunca fui teu em pleno nem a metadeos dias serenos e o nosso eco na pontefoi sonho de olhos fechadosde dias serrados por grades de metal grosso
Quando o meu corpo vai corre e treme
Sinto que nada nem ninguem me para
Quando a noite aperta e eu sozinho no meio da multidão
Sem nada nem ninguem fechado numa bolha de ar
Sinto que nada nem ninguem me para
Multipliquei-me nas luzes da realidade nas sombras da solidão
O meu corpo tornou-se enorme face ao espaço
Caminhei por vales silênciosos sem ouvir eco nem ruido
Senti em grande velocidade a minha voz a falhar e o meu rosto a envelhecer
Multipliquei-me por rios e por vales
Agora ouço vozes desafinadas na minha cabeça que parecem não sair
Caminhei a grande velocidade
The morning sun is the drug that breings me herevejo o que fazes com as tintasvejo como tratas a tela, como se a tua própria se tratassesuja-la e pinta-laviolentas a tua epiderme com químicos e dormas que é feito da tua verdadeira pele?que é feito da tua palidez e da tua inocência?algo se perdeu desde a tua mente até a teladeixas-te pingar pelo chão alguma simplicidade e nacionalismoagora ficas feliz com o trabalho acabadomostras a tudo e todossorrismas que é feito da rapariga pálidaque é feito da tua verdadeira pelealgo se perdeu no caminho das nossas vidasdeixamos que o mar levasse a nossa flora nossa juventudealgo se perdeu entre nósdeixaste-te cobrir de tintas e edens imagináriosdeixaste-te levar pelas luzes coloridas e pela bola de espelhosa tua pelea tua verdadeira peleainda a tens?
Night Ride Home é o título do single do album homónimo de Joni Mitchell datado do ano de 1991. Pena não conseguir por o vídeo que é de uma beleza extrema através de métodos muito tradicionais e simples. Joni Mitchell surgiu na minha vida de uma maneira muito natural, ouço desde pequeno, tinha o meu pai a cantarolar as letras pela casa fora. Durante muito tempo achei que seria impossível vir a gostar disto mas como me disseram uma vez "cada coisa tem a sua idade" e Joni Mitchell é uma delas. Em Night Ride Home ela fala do tema mais batido de sempre...o amor, mas não de uma maneira normal. Para Joni Mitchell o amor é um entrega constante assim como uma luta. Night Ride Home é isso, amor concentrado em pouco mais de três minutos. Continuando na ideia de que "cada coisa tem a sua idade". Joni Mitchell apenas consegue agarrar um público maduro em termos sentimentais (não estou a dizer que o seja). Usa uma linguagem simples mas de uma riqueza fantástica. Novamente, em Night Ride Home declara o seu amor ao homem que se senta ao seu lado e a necessidade de fugir da cidade para continuar a construir a sua história de amor.
Li e recomendo. "A História de um Sonho" de Arthur Schnitzler é mais conhecido pelo filme de Kubrick...sim o fabuloso "Eyes Wide Shut" pelo qual tenho especial amor principalmente aos belos planos azulados com o corpo da Nicole Kidman. "A História de um Sonho" é um romance psicológico ao qual não interessa a fisionomia das personagens nem onde elas se encontram, mas sim quem elas são realmente. Em certa medida revela a influência de Freud na escrita de Schnitzler pois as personagens revelam os seus traumas como se estivessem sentados no famoso divã de Sigmund.Um bom livro para ler com calma (embora seja pequeno).